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Górgias é um diálogo de Platão escrito em 380 a.C. A disputa de Sócrates acerca da retórica e o seu valor vai permitir a Platão estabelecer o confronto entre dois usos opostos da linguagem – como instrumento de poder e como instrumento de verdade. Quando Górgias foi escrito por Platão, Atenas vivia uma profunda crise económica e política. Após uma longa guerra contra Esparta (431-404), Atenas perde a guerra e o poder que tinha entre os gregos. O regime Democrático é substituído por uma Tirania (404-403) por imposição de Esparta. A Democracia que é restaurada, em 403, está mais frágil que nunca. Os recursos económicos dos atenienses são agora bastante mais escassos, a custo a cidade procura recuperar a sua prosperidade econômica. A antiga aristocracia culpa os oradores e os democratas desta perda do poder e exige um governo forte. No inicio do século IV a.C. devido ao elevado absentismo dos cidadãos nas sessões da Assembleia foi decidido remunerá-los sempre que o fizessem. A Assembleia torna-se num local de ociosos e cidadãos empobrecidos que dessa forma procuram adquirir algum sustento. O exército passa a ser constituído por mercenários afastando-se dos cidadãos. As guerras empobrecem ainda mais a vida dos atenienses. A Democracia continua resistir, mas a tendência é para a adoção de regimes fortes (tirânicos).
Platão (427-347 aC) nasceu em Atenas em uma família aristocrática. Estudante de Sócrates até a morte deste, ele também estudou as obras de Heráclito, Parmênides e os pitagóricos. Após a morte de Sócrates, Platão passou vários anos viajando pelo Mediterrâneo. Ele finalmente retornou a Atenas e fundou uma escola de filosofia chamada Academia (assim chamada pelo campo em que estava localizada), onde mais tarde ensinou Aristóteles. Platão escreveu obras sobre ética, política, moralidade, epistemologia e metafísica. Ele é mais conhecido por sua teoria das formas, a teoria de que as qualidades que definem a existência de uma coisa (vermelhidão, beleza) existem em um reino abstrato de formas, separado da matéria. Platão acreditava que o que era verdadeiro e, portanto, real, deve ser imutável. Porque o mundo material está em constante estado de mudança, não é a verdadeira realidade, mas uma mera ilusão. Platão ensinou que o amor é o anseio pelo Belo em sua forma mais pura e abstrata. Conseqüentemente, o amor é o que motiva todas as realizações humanas mais elevadas.